ALGUNAS INTERROGANTES EN TORNO A LA RELACIÓN ENTRE LO IMAGINARIO Y EL CUERPO
Mercedes Iglesias
Introducción.
Agradezco a Rómulo Ferreira por haberme invitado a participar en esta conversación así como a la sede de Sao Paulo y al Comité Organizador de Enapol. Cuando Rómulo me invitó a participar no dudé en decir que sí, y sin embargo, más tarde, me pregunté ¿de qué voy a hablar? Además de leer los textos que se produjeron para el evento, había leído una gran cantidad de textos de las Conversaciones que pienso que van a estar realmente excelentes. No sólo por los temas tratados sino por las diferentes perspectivas que cada escuela le ha dado al tema.
VII ENAPOL
O birô da Federação Americana de Psicanálise da Orientação Lacaniana gostaria de agradecer e parabenizar o Diretor do VII ENAPOL Rômulo Ferreira da Silva, a Fernando Vitale e a Mercedes Iglesias, integrantes da Comissão Organizadora, pelo trabalho fantástico realizado para sustentar cada detalhe da organização que fixou um marco para que, a comunidade da Orientação Lacaniana na América, pudesse ter o VII ENAPOL que acabou de ocorrer. Através deles agradecemos e parabenizamos uma longa lista de colegas que deram o melhor de si mesmos durante vários meses para que este Encontro se tornasse um acontecimento.
O Birô da FAPOL
M. Tarrab, F. Kruger, A. Harari, J. Santiago
VII ENAPOL
O birô da Federação Americana de Psicanálise da Orientação Lacaniana gostaria de agradecer e parabenizar o Diretor do VII ENAPOL Rômulo Ferreira da Silva, a Fernando Vitale e a Mercedes Iglesias, integrantes da Comissão Organizadora, pelo trabalho fantástico realizado para sustentar cada detalhe da organização que fixou um marco para que, a comunidade da Orientação Lacaniana na América, pudesse ter o VII ENAPOL que acabou de ocorrer. Através deles agradecemos e parabenizamos uma longa lista de colegas que deram o melhor de si mesmos durante vários meses para que este Encontro se tornasse um acontecimento.
O Birô da FAPOL
M. Tarrab, F. Kruger, A. Harari, J. Santiago
Editorial Flash #12
Jorge Forbes
Caros Colegas,
Então chegamos ao último dos boletins Flash preparatórios ao VII ENAPOL.
Uma primeira leitura dos dez textos desta edição evidencia duas qualidades: primeiro, que o tema é atual, provocativo e atraente; segundo, que as abordagens são múltiplas e nem sempre coincidentes. É interessante essa falta de coincidência. Basicamente, ela se registra em visões mais pessimistas ou mais otimistas da pós-modernidade. Aliás, curioso, esse termo “pós-modernidade”, salvo ter me escapado, não está em nenhum dos textos.
“Como fica a psicanálise nesse tempo do Império das Imagens?” É a pergunta orientadora de todos os autores, como soe acontecer.
François Ozon e o império das imagens da mulher
Maria do Carmo Dias Batista
A mulher não existe, afirma Lacan no Seminário 20, quando demonstra que a mulher entra no jogo pelo lado da Existência e não do Universal, terreno do homem e do falo. Entretanto, quem não existe é A mulher toda, completa, onipotente, não barrada pela castração, que também estaria do lado do Universal. Ao contrário, uma mulher, barrada, demonstra em si a própria efemeridade e a contingência da existência, do estar no mundo. Uma mulher existe encarnando o buraco, a barra, a castração, a divisão, o não-todo. “[…] quer dizer que quando um ser falante se alinha sob a bandeira das mulheres, isto se dá a partir de que ele se funda por ser não-todo a se situar na função fálica.”
SELFIE: A imagem conversacional além do narcisismo
Marie-Claude Sureau
No jornal Libération de quinta-feira, 5 de agosto de 2015, há uma entrevista muito interessante de André Gunthert sobre uma questão que toca às imagens no nosso século XXI, o fenômeno selfie. André Gunthert é historiador da arte, professor e pesquisador da EHESS [École des Hautes Études en Sciences Sociales], ele faz do selfie «uma nova forma de expressão de força social.» Sem pretender reduzir o selfie a um simples fenômeno narcísico, ele lhe dá a seguinte definição: «fotografia que uma pessoa tira dela mesma, geralmente com um smartphone ou uma webcam, e a compartilha em uma mídia social.»
Do gênio dos irmãos Lumière ao Império das Imagens
Eliane Calvet
Tal como a psicanálise (Estudos sobre a histeria, 1895), o cinema tem 120 anos. Por ocasião de seu aniversário, houve, no Grand Palais em Paris, de março a junho de 2015, uma exposição denominada Lumière: le cinéma inventé. Esta exposição, vinculada tanto à personalidade dos irmãos Lumière quanto às suas múltiplas invenções no domínio da fotografia e do cinema, permitiu reexaminar o conjunto dos seus filmes, dispostos sobre uma imensa parede digital.
FLASH 12
Rômulo Ferreira da Silva
A abordagem do imaginário no VII ENAPOL colocou ênfase no último ensino de Lacan e nos propiciou uma reviravolta moebiana.
A clínica mudou e é o momento de apresentarmos como estamos abordando essa clínica que já está nos consultórios e instituições. Os conceitos podem ser revisitados e nossos princípios garantem a tranquilidade nesse processo.
Desde que Freud descobriu o inconsciente e inventou a psicanálise, fica difícil delimitar o que ocorreria a partir daí sem a intervenção da psicanálise no pensamento e comportamento humanos.
Acontecimento VII ENAPOL
Angelina Harari
Escrever esta crônica para o último Boletim Flash trouxe o benefício de levar-me a sair de uma imersão em um dos temas das Conversações do VII ENAPOL: “O Império das Imagens faz sintoma na vida amorosa”. Na Conversação, tomamos o viés de quanto o fato de sermos sujeitos consumidos pelas imagens acarreta perda de intimidade e de liberdade individual, respondendo, na vida amorosa, ao desaparecimento do erotismo, último bastião a nos preservar do empobrecimento humano resultante do aprisionamento nas imagens.
O imaginário
Maria Cecília Galletti Ferretti
No primeiro ensino de Lacan há um binário de dois opostos: imaginário e simbólico. O imaginário era, neste momento, um registro a ser ultrapassado para que se chegasse ao simbólico, à palavra plena, à confissão da verdade. Em contrapartida, no último ensino não se trata mais da construção de binarismos, mas da clínica do enodamento dos três registros.
De câmeras, imagens e voyeurismos
Beatriz García Moreno
Os dispositivos tecnológicos que capturam a imagem se encarregam de levar, em tempo real, e aos lugares mais íntimos, o mundo exterior. As câmeras penetram em qualquer residência e trazem, em suas diversas telas, não apenas estilos de vida, gadgets e objetos de consumo do mercado, mas, também, os mais cruéis sucessos convertidos em imagens inofensivas, as quais desaparecem com apenas o desligar do botão de ligar. O olhar capturado pela câmera prevê, quem a observa, de ser tocado pelo estranho e ameaçador gozo do Outro, e o protege de enfrentar a diferença que este Outro exibe. A câmera parece funcionar, assim, como um operador do olhar que não apenas permite o enquadramento, mas também a apropriação do instante, a manipulação do objeto e a conversão de qualquer acontecimento em uma ficção que parece situar-se no imaginário e cavalgar sobre o real em gozos insuspeitos.
Quando a imagem se torna destino
Patricia Tagle Barton
Tomo emprestado o título de Marie-Hélène Brousse , “A imagem é uma pomba morta no fundo de uma lata de lixo. Como esta imagem se tornou destino para um sujeito?” – ela se pergunta.
A questão nos leva da problemática atual do Império das Imagens à questão do Uma-imagem e de seu império. Uma imagem e sua pregnância singular, que se torna destino para alguém, um sujeito, um parlêtre.
Uma-imagem, S1. Ela sozinha, momento de encontro e de eclipse, afânise, conforme propõe Lacan, sempre contingente.
Enxame digital e o auge da transparência
María Elena Lora
Atualmente, nossa época está marcada por uma extraordinária proliferação da literatura sobre o poder das imagens. Porém, a presença de um enxame digital e a multiplicação de uma realidade virtual que se interpõe entre o sujeito e o real é, para a psicanálise, um tema especialmente atual.
A Geração Eu, Eu, Eu
Mónica Pelliza
É possível catalogar algumas gerações a partir de traços gerais. Isto permite captar uma ordem nos diferentes fenômenos durante um período de espaço e tempo, sob certas coordenandas históricas de produção e de consumo. Proponho um brevíssimo percurso de duas gerações.
EDITORIAL Flash 11
Carmen Silvia Cervelatti
Está chegando o momento de concluir, de colher os frutos de mais de um ano de trabalho que nos une no Império das Imagens. Imagens e Imaginário, diferentes entre si, se enlaçaram na imensa produção que os 11 flashes publicaram e perscrutaram: as relações com o corpo, com o olhar, com o mundo e com a atualidade, dentre outras particularidades. Como nem tudo é possível de ser dito, também nem tudo pode ser visto, a não ser…
Noite do Conselho Imagens deslumbrantes, eclipse das palavras
Mónica Torres
Buscava, desde que recebi o convite, como encontrar algo novo a dizer sobre este tema. Falando, há dez dias, com meu querido amigo Fabián Fajnwaks por telefone, os dois, como costuma nos acontecer, estávamos com a mesma dificuldade. O que mais se pode dizer do imaginário? Não é a mesma coisa o imaginário e a imagem. Em intensão podemos dizer que no ensino de Lacan a construção borromeana substitui o estádio do espelho, trata-se do corpo gozante. Disso falaremos em nosso próximo Congresso. Há uma relação entre as imagens e o gozo do corpo falante.
A inevitável modalidade do imaginário
Mayra de Hanze
À frequente expressão inicial que hoje cobra uma vigência absoluta, responde com palavras a construção poética que, sem dúvida, nos leva à atualização de Miller ao citar Joyce: “a inevitável modalidade do visível” a faz passar na prática analítica por “uma modalidade inevitável do dizível”, sem deixar de precisar que, no final, a imagem seja uma inevitável modalidade do fantasma.
Pour la dernière et pour la première fois: imagens do invisível
Maria Fátima Pinheiro
A exemplo da prática clínica que nos ensina sobre os sintomas contemporâneos, a partir do afetamento dos sujeitos pelo imperativo das imagens, a arte também nos ensina sobre os efeitos das imagens no corpo. As imagens contemporâneas em sua avalanche midiática e imperativa nos leva, cada vez mais, a refletir sobre o “vasto oceano do registro imaginário” . O poder da imagem se manifesta hoje desde a televisão, onde a imagem passa por frações de segundos e se processa em…
Para o sujeito autista, uma imagem sem valor
Lizbeth Ahumada Yanet
Uma imagem vale mais do que mil palavras, como diz o ditado usado frequentemente no campo da publicidade, o que indica, tal como articula Lacan, que é a economia que funda o valor , dizendo, de passagem, que é uma prática sem valor o que se trataria de instituir para os psicanalistas. A imagem assim evocada faz parte do discurso capitalista, e, como todo discurso, tem um efeito de sugestão: é hipnótico, ressoa no sentido, de onde advém sua marca, sua operacionalidade. Por outro lado, o inconsciente é isso, diz Lacan…
Acusado!
Fernando Gómez Smith
Na programação de um canal de TV aberta no Peru existe um programa que, durante muitos anos, foi o de maior audiência. Tinha um formato no qual a apresentadora mostrava o que ela chamava de o “acusado”, quer dizer, vídeos de personagens da vida pública do país, especialmente do espetáculo, esportistas e, às vezes, políticos em situações comprometedoras, especialmente cenas sexuais ou consumindo alguma substância tóxica.
Na época do império das imagens, um homem sem vergonha
Liliana Bosia
A vergonha, como diz Miller em sua “Nota sobre a vergonha”, é um afeto primário da relação com o Outro, um Outro primordial que não julga, mas vê ou se faz ver. A vergonha aparece como efeito da repressão que proíbe o gozo da exibição. Assim como no sonho é a repressão que põe limite ao gozo, na vigília é a vergonha que demarca o gozo.
EDITORIAL Flash #10
Ariel Bogochvol
Enquanto tc o texto e o vejo soletrado na tela do computador, a tv anuncia a descoberta de um planeta gêmeo da terra, o Kepler-452 b, situado a 1400 anos-luz e que orbita uma estrela pouco maior que o sol. Leio no google do iphone que esse sistema estelar tem seis milhões de anos, 1,5 mil milhões de anos mais do que o sistema solar e parece reunir as condições para a existência de vida. As imagens transmitidas pelo telescópio espacial Kepler, lançado há 20 anos, são belíssimas: um planeta estranhamente familiar, em rotação, orbitando um astro que, em função da distancia, é menos brilhante que o sol e, ao fundo, o escuro estrelado do universo. A reportagem evoca outro feito da NASA anunciado há uma semana: o vídeo do sobrevoo de Plutão simulado a partir das fotos de alta resolução…
Noite da EOL Imagens deslumbrantes, eclipse das palavras Roland Barthes e o unário da imagem
Fabian Fajnwaks
O que pode dizer a psicanálise, à luz de sua experiência, a respeito da profusão das imagens no mundo contemporâneo? Acredito que se ela tem algo a dizer é a partir da relação da imagem, e não do imaginário, que já é outra coisa, com o real: de que modo a imagem vem velar o real, e se o real, o impossível de ser simbolizado, pode ou não se representar, pode ou não se dar a ver. A questão se colocou alguns anos atrás, em Paris, em função de um debate entre nosso amigo Gérard Wajcman e Claude Lanzmann, diretor do filme Shoah (1985) e da revista Les Temps Modernes, por um lado, e Georges Didi-Hubermann, um especialista, como Gérard, das imagens e da pintura, a propósito de uma exposição denominada Memórias dos Campos. Imagens dos campos de concentração e de extermínio. Hubermann defendia a ideia de que se podia e devia mostrar estas imagens, e escreveu um livro…
Império das imagens e fluidez das identificações
Julio Cesar Lemes de Castro
A partir de Freud, Lacan estabelece uma distinção entre o eu ideal – i(a) – e o ideal do eu – I(A). O primeiro, cujo exemplar inaugural é a imagem do corpo no espelho, consiste na matriz de identificação primária. O segundo, que aparece embrionariamente como a instância que referenda para a criança sua imagem especular como objeto do desejo do Outro, consiste na matriz de identificação secundária. O eu ideal, efeito da projeção imaginária, corresponde à imagem idealizada de si. Já o ideal…
Uma nota sobre a identificação narcisista
Claudia Velásquez
A condessa de Castiglione, nobre italiana que viveu na França em meados do século XIX, ilustra o que é uma identificação narcisista. Assim como propõe Miller: “A condessa de Castiglione não necessita de ninguém. Como indica o lema ‘o solteiro faz seu chocolate ele mesmo’, a condessa de Castiglione faz seu olhar ela mesma, não necessita de ninguém para fazer seu olhar”. Além disso, a condessa pode se permitir dizer que goza de si mesma fotografando-se. A partir dessas citações, se poderia então afirmar que a identificação narcisista funda-se no olhar sobre si mesmo – sem o olhar do Outro – e que disso obtém-se um gozo.
O selfie: narcisismo e autoerotismo
Angela Fischer
Tomarei como ponto de partida um curta metragem protagonizado por Kirsten Dunst e realizado por Matthew Frost intitulado em inglês Aspirational. Este curta mostra muito bem a potência das imagens, a potência das imagens em demérito do vínculo com o outro, e com o Outro. São duas jovens que vão em direção a Kirsten na rua, estão de carro e ao vê-la param, asseguram-se de que se trata da mencionada atriz e ambas tiram seus respectivos selfies, “compartilhando” imediatamente suas imagens em alguma plataforma virtual. Kirsten já não é mais desejável para as jovens, saindo de cena lhes diz se querem fazer alguma pergunta, ao que…
O segredo da imagem
Clara M. Holguin
Desvelar um segredo, neste caso o da imagem, supõe que esta mantenha algo em reserva, algo que não se disse, que está oculto. Supõe também que, além da multiplicidade e variedade das imagens, seu império, quer dizer, seu poder, baseia-se no segredo, em poder mantê-lo. Assim, ao lado da pergunta sobre o que esconde uma imagem, interrogamos seu funcionamento e estrutura, para dar ao imaginário lacaniano todo seu valor, quando destaca a verdade da percepção, ou talvez, teria de se dizer, o real do campo visual.
EDITORIAL FLASH 9
Mercedes Iglesias
Os textos que serão lidos a seguir foram todos, de um modo ou de outro, elaborados a partir de uma reflexão em torno das imagens e das repercussões que têm na subjetividade humana de nossa época.
Joel Meyerowitz, fotógrafo, mostra o modo como concebe a fotografia e assinala um aspecto que me parece fundamental: explica a maneira pela qual se constrói uma imagem. Quer dizer, mostra o modo como toda imagem é a construção de uma moldura onde aparecerá um cenário. Em sua Leika, além disso, não pode observar outra coisa, a moldura exclui toda possibilidade de ver algo mais. Para ele não se trata de fotografar objetos, coisas, se poderia dizer que não se trata de reproduzir a realidade, coisa que fazem muitos bons fotógrafos. Para ele, ao contrário, a moldura supõe aceitar que algo entrará nela e outras coisas ficarão fora. E é isso que interessa: a maneira como, selecionando o que vai dentro, capta um modo de relação não falada, captam-se relações que aparentemente não estão relacionadas entre si e, para ele, isto é justamente o humano. Poder captar algo do potencial, do magnetismo que se estabelece nessas imagens, que podem parecer desconexas, porém ao fotografá-las nos falam de quem somos.
Quando a palavra não é performativa, a imagem reina
Beatriz Udenio
“Ele: não vai acontecer nada. Ela: já está acontecendo em suas cabeças. Nas suas cabeças, isso é o que você está fazendo, o que meu marido está fazendo” (Black Mirror, 1ª temporada, episódio 1: O hino nacional).
Admito que o uso da palavra “império” me incomoda. Talvez por sua aproximação com “imperialismo”, quer dizer, pelo “uso” abusivo que faz o mercado das imagens daquilo que se produz – sendo este um ponto essencial diante do qual a psicanálise se subverte.
Tatuagem e fuga do corpo
Antônio Beneti
Os escritos no corpo, mais precisamente na pele, sempre existiram na história da humanidade, convocando o olhar do Outro. Desta forma, as tatuagens estariam inscritas sob a forma de um nó: pele, corpo e olhar do Outro.
Paul Valéry, diz que o mais profundo é a pele; ele a considera como um lenço humano onde se desenha e pinta. As crianças, por exemplo, brincam, desenham, pintam e escrevem sobre o corpo. Tatuam-se nesta atividade lúdica. Um provérbio chinês diz que “um corpo sem tatuar é um corpo estúpido!”.
Para uma nova soberania, uma nova subversão
Carlos Márquez
Como Hector Gallo já escreveu (1), no título de nosso próximo Encontro “O Império das Imagens”, deveria ler-se “império” como soberania. Uma soberania que, seguindo as indicações de Foucault, não há de se entender como o que proíbe ou restringe, senão como performativa. Em sua expansão produz constantemente novos modos de ser e de relacionar-se.
Tarrab atribui-lhe o estatuto de uma renegação do real (2). Dando a aparência de um “congelamento do tempo”, faz com que a entropia caia fora do campo do enunciável, pois, sim, “tudo é recuperável”, nada se perde. Porém, se a entropia caiu fora do campo do enunciável, não é sem nosso consentimento, sem nossa participação nessa desordem do mundo.
O CORPO E O SELFIE
María Eugenia Cardona
Hoje em dia, o selfie – tirar uma foto de si mesmo – é tão habitual que, segundo as estatísticas do Instagram, foram postadas 58 fotos por segundo durante 2012. em 2013, o dicionário Oxford nomeia a palavra “selfy” ou “selfie”, como a palavra do ano. Em histórias recentes o selfie esteve em primeiro lugar, a partir de quando um macaco toma a câmera de um fotógrafo e se auto-retrata. O simpático macaco roubou a câmera e, seduzido pelo ruído dos clics, começou a brincar com ela, a clicar no ar e a tirar fotos de si mesmo. Isto gerou uma batalha legal pelo copyright, pois as leis sustentam que o dono dos direitos de autor é quem tira a foto. É, então, um fato irônico que levou o fotógrafo a elevar o macaco à categoria de assistente de fotografia. Evento da contingência que faz uma paródia dessa paixão contemporânea.
BRAIN-Initiative
O apoio da administração Obama à Iniciativa do Cérebro
Edwin Jijena Duran
Em fevereiro de 2013 o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apresentou oficialmente um importante projeto denominado Iniciativa BRAIN (por suas siglas em inglês: Brain Research through Advancing Innovative Neurotechnologies), o qual busca revolucionar a compreensão do funcionamento do cérebro humano, abrindo possibilidades para detectar de forma precoce as causas de doenças cerebrais e, por conseguinte, prevenir ou encontrar tratamentos específicos para as mesmas.
EDITORIAL FLASH 08
Virtualidades
Romildo do Rêgo Barros
Em uma conversa recente comigo, alguém usou a expressão “mundo virtual”. É uma expressão que se tornou comum, e já não chama a atenção de ninguém.
E no entanto, talvez pela natureza da conversa, a expressão, longe de me parecer banal, destacou-se das outras frases ditas, muitas das quais não guardei na lembrança, e, como ocorre no cinema, congelou-se. Quando isso acontece, quando uma sequência se rompe, passa a ser necessário dizer algo novo.
As imagens e o corpo
Silvia Ons
Tradicionalmente, considerou-se que o sujeito dirige sua intencionalidade ao campo dos objetos, em um tipo de direção que vai do interior até o exterior. O mundo permanece em seu lugar como um fora, e é a consciência que se orienta ao que habita no mundo. Assim Sartre recorda as palavras de Husserl: “a consciência é consciência de algo” . Lacan combate a concepção de que um sujeito tenha diante de si, um objeto ao qual, aponta, já que tal ideia oculta que é o objeto mesmo que pode causar tal orientação aí onde o sujeito se crê dono da percepção. Assim, as imagens televisivas, o celular, o computador captam nosso olhar e se em alguns casos produzem adição, é porque aí é o sujeito que fica tomado ao modo do que Baudelaire dizia do ópio: “sou fumado pelo cachimbo”.
A Consistência do Imaginário
Mónica Febres Cordero
Lacan, em “Joyce o sintoma”, conferência realizada na Sorbonne em 1975, diz que o homem tem um corpo. Tem-se o corpo, não se é um corpo. O termo falasser surge nesse momento para designar o que antes era o sujeito do inconsciente. É uma travessia do sujeito do inconsciente, o sujeito da representação, para o falasser ou corpo falante, cujo assentamento é o corpo.
A fragilidade das imagens
José Fernando Velásquez
A relação do homem com a representação que percebe, com a que habita seu psiquismo e com a que cria mediante técnicas antigas e modernas, exige uma consideração tão particular quanto a que tem com o significante e com o gozo pulsional. Assim como nas representações, a posição dos sujeitos pareceria depender também da condição de serem espectadores da imagem. As imagens têm potência real como estimulação corporal; também têm eco no outro; têm a capacidade de reter a memória e de corresponder ou não àquilo que dizem representar.
EDITORIAL FLASH 07
Em vez de “rainha”, a imagem se faz soberana em seu Império, se nos lembrarmos de como falávamos, antes, dela, em 1995, supondo-a poder ser um equivalente no imaginário do significante-mestre no simbólico. Agora quando pretendemos interrogá-la, outra vez, em 2015, “não nos cabe contemplar a realidade mas recolher o que cai do império como pedaços do real que, desde sempre, modulam o sintoma”, como já se disse aqui num dos editoriais deste Boletim (1). Assim, no ENAPOL VII, partilharemos o que nossa prática clínica nos tem ensinado sobre os novos sintomas da civilização, à escuta que estamos de sujeitos contemporâneos deste início de século, afetados pelo poder das imagens. Analistas de orientação lacaniana, não estaremos reunidos, portanto, para fazer uma “sociologia psicanalítica”, da atualidade do Império, mas para insistir no inquietante que se esconde atrás de seu fascínio (2).
Impossible is nothing ou o enigmático sorriso do gato de Chesire
Fernando Vitale
Acredito que os três eixos temáticos, depreendidos do argumento que convocou ao trabalho o conjunto dos colegas sediados ao redor das três Escolas da América, indicam muito bem que o VII ENAPOL nos convida a explorar o modo como se enovelam, para nós, hoje, as três perspectivas que devem ser interrogadas em sua íntima articulação, com a finalidade de manter viva a psicanálise de orientação lacaniana no século XXI.
Explorar os impasses atuais de nossa civilização, dar conta de sua incidência na transformação da clínica com a qual cada praticante se confronta…
Sujeito, objeto e corpo: quem fala? Ressonâncias: O corpo falante e o final de uma análise
Marcus André Vieira
O Impacto das imagens e o corpo falante
Inicio a partir do tema do próximo Encontro Americano: “O império das imagens”. Podemos contrapor o “império das imagens” ao “corpo falante”. A primeira expressão dirige-se ao que convencionamos chamar “a cidade”, propondo-lhe uma leitura: vivemos o império das imagens. A segunda, mais enigmática, dirige-se à nossa comunidade, ela nos convida a avançar em nosso entendimento sobre o modo como o analista deve situar sua prática no momento atual da civilização, centrando-a no inconsciente como corpo falante mais do que como mensagem cifrada.
O drama do espelho – Susana Dicker
Susana Dicker
O tema que nos convoca para o VII ENAPOL atualiza o paradoxo do espelho: sua condição de suporte da identificação, mas também objeto que causa angústia. Isso se enraíza nas duas faces do drama do espelho, que Lacan desenvolve em seu texto de 1949[1], e do qual nos oferecem testemunhos a clínica da neurose, a das anorexias-bulimias, a das psicoses e, por que não, as experiências com adolecentes.
Momento crucial na medida em que torna possível o enovelamento das dimensões Real, Simbólica e Imaginária. Momento estruturante, onde o triunfo do infans é a realização de uma identificação, reconhecer-se em uma imagem de si mesmo. Porém, também paradoxal pois a imagem desse corpo que se reconhece no espelho não é a mais própria, vem do Outro, da imagem do outro que se reconhece antes da sua. É uma operação libidinal, circulação de libido que é perda de gozo – que até alí era gozo realizado, autoerótico – mas também condição para que a imagem se sustente e faça de um corpo fragmentado – real do corpo em fragmentos – uma unidade formal e imaginária. Este é o paradoxo: “A imagem em sua exterioridade é constituinte em relação ao ser do sujeito”…
A identificação à imagem feminina como resposta diante da falha na construção do corpo
Mirta Berkoff
Estamos em um momento onde a presença do feminino e da mulher mudam as coordenadas de gozo do sujeito contemporâneo. Mas, não é apenas a aspiração feminina atual, é também o império da imagem que parece facilitar hoje que uma identificação com a imagem da mulher dê resposta à falha na construção do corpo.
Esta Identificação imaginária dá unidade ao corpo diante da falha do Espelho e pode suprir a falta de significação fálica nos casos em que essa lógica não esteja presente.
Pornografia
Irene Greiser
A pornografia, onde exibem-se corpos em gozo, enuncia a verdade de que a relação sexual não existe. A pornografia pela Internet faz uso da inexistência da relação sexual. Vende-se sexo e comercializam-se fantasias para todos. Voyeurs, exibicionistas, sadomasoquistas, a dois ou a três; como não há cardápio fixo para a relação sexual, a Internet oferece cardápios a la carte.
Se Miller, em sua apresentação do X Congresso, convida os analistas a se interessarem por esse fenômeno, obviamente não é pela vertente …
(imagem rainha, I), (significante-mestre, S), (objeto a, R) – Maria Helena Barbosa
Maria Helena Barbosa
A hipótese que pretendo desenvolver aqui é a de que o texto A Imagem Rainha é homólogo ao texto A Terceira.
A Imagem Rainha, de J-A. Miller, foi apresentado no V Encontro Brasileiro do Campo Freudiano por ocasião da fundação da Escola Brasileira de Psicanálise, no Rio de Janeiro, em abril de 1995. Encontra-se no livro Lacan Elucidado*, que reúne as palestras de Miller feitas no Brasil desde 1981 até a fundação da EBP.
A Terceira**, de J. Lacan, está na revista Opção Lacaniana. É uma intervenção de Lacan no VII Congresso da…
EDITORIAL FLASH 06
Luzes e sombras
Silvia Salman
O império das imagens não é o reino da transparência.
O tratamento das luzes e das sombras é talvez um dos elementos mais importantes, tanto na arte como na fotografia e no cinema, campos da cultura nos quais a imagem tem também um lugar preponderante. A cor, a textura, o espaço, o volume, tudo isso faz com que a obra se expresse e seja vista de determinada maneira.
TEXTOS
O Império das Imagens: Manifestações sintomáticas do século XXI – O sexo cibernético
Nora Guerrero de Medina – NEL – Guayaquil
Como você está? – suspira Rita – imagine que estou vestindo uma camiseta e nada mais e que pode fazer comigo o que quiser.
Rita conta-me, dessa maneira, que atualmente inicia seus encontros sexuais sem romantismo e com muita realidade virtual, que fez do computador um companheiro anônimo com quem satisfaz suas mais íntimas fantasias sexuais “quero que me ajude a pôr um limite ao sexo cibernético – demanda – não quero me converter em uma pessoa que só sente prazer com o computador. Me parece triste este prazer, pois é a máxima expressão da solidão.”
TEXTOS
Império das imagens: um ponto de vista
Sérgio de Campos[1]
O mundo das imagens, grosso modo, divide-se em dois domínios. O primeiro campo é da esfera do aparelho psíquico do parlêtre, das imagens produzidas pelo nosso inconsciente como as representações mentais: sonhos, devaneios e fantasias. O segundo domínio pode ser descrito como sendo as representações visuais, os objetos materiais e os signos que representam o Outro, ou seja, mundo exterior. É digno de nota que as imagens do Outro influenciam as imagens do parlêtre e as imagens desse, recriam as imagens do Outro, de sorte que um domínio incide e se infiltra sobre o outro, produzindo todo um intercambio e superposição de imagens que produzem efeitos subjetivos de todas as ordens.
Self-injury, tratamento do real pelo imaginário?
Isolda Arango-Alvarez – NEL-Miami
Como conceber uma imagem que certamente não remeta a nenhuma representação? Mesmo que o significante tenha cedido lugar à imagem e agora sejam as imagens as que se oferecem e são tomadas como coordenadas identificatórias, não há já nesse tratamento algo do simbólico em jogo? Certamente, a proliferação de imagens deslocou à proliferação significante. Porém, essas imagens parecem cumprir uma função que era cumprida pelo significante, na medida em que servem à procura incessante do parlêtre de uma identidade, identidade que foi e será sempre vacilante. De Igual forma existem casos nos quais certas imagens servem como ponto de enovelamento ou desenovelamento.
EDITORIAL FLASH 05
Sandra Arruda Grostein
A entrevista feita com Gerard Wajcman, estabelecida em um vídeo por Marcelo Veras, orienta a escolha dos textos do Flash 5. Tanto sua pesquisa desenvolvida no Centro de Estudos de História e Teoria do Olhar, quanto seu livro “L’oeil absolu”, têm se mostrado uma referência frequente neste debate sobre o imaginário, em particular entre nossos colegas da EOL. O destaque está no fato dele articular na origem da beleza, um ponto de horror que apela à mostração e não à representação…
TEXTOS
A tela global e a psicanálise
Mario Goldenberg
Interessa-me trabalhar no brainstorming, a proposta de “testemunhar em ato, nossa posição como psicanalistas, não apenas na cura, mas também na cidade”. Assim como o século XIX foi “um século de mãos”, como dizia Rimbaud, e o século XX foi um século de máquinas, o século XXI se perfila como um século de telas. Além do cinema e da televisão…
TEXTOS
Novo encontro com Lacan
Graciela Musachi
Uma e outra vez volto a 1948: “A arte da imagem poderá atuar dentro em breve sobre os valores da imago e um dia saberemos de compromissos em série de ‘ideais’ à prova de crítica, e, então, o rótulo ‘garantia verdadeira’ terá adquirido todo seu sentido. Nem a intenção nem a empresa serão novos, mas sim sua forma sistemática”…
EDITORIAL FLASH 04
Elisa Alvarenga
As Conversações, tal como introduzidas no último ENAPOL, foram um êxito: epistêmico, clínico e político. Não apenas pelo número de colegas envolvidos e pelos intercâmbios proporcionados entre as três Escolas da FAPOL, mas também pelos avanços que permitiram nossa maneira de pensar a experiência analítica na contemporaneidade e pelos documentos de trabalho produzidos. “Falar com o corpo”, sintagma explorado em várias perspectivas, abriu caminho para o que foi introduzido por Jacques-Alain Miller a seguir como “o corpo falante”, nova maneira de pensar o inconsciente no século XXI. Retomada no ENAPOL VII, a fórmula das Conversações já se coloca em marcha com os grupos de trabalho formados, possibilitando novos encontros, presenciais e virtuais, no âmbito da FAPOL.
TEXTOS
O olho bulímico e o lobo
Mauricio Tarrab
Uma brincadeira infantil resume bem o que quero dizer hoje a respeito do império das imagens e de seus súditos – sem os quais não haveria império – nós, os consumidores. Essa brincadeira tinha uma ladainha que as crianças cantavam enquanto faziam uma roda: “vamos passear no bosque enquanto o seu lobo não vem… seu lobo tá aí?” O lobo não estava e as crianças voltavam à roda e voltavam a cantar, até que, de quando em quando, o lobo estava lá e aparecia produzindo o júbilo que rompia a roda prazeirosa das crianças. Além do Pai, esse júbilo mostrava finalmente a verdade libidinal da brincadeira.
TEXTOS
Um olhar psicanalítico pelo império das imagens
Raquel Cors Ulloa
O título do VII ENAPOL assim como seu cartaz são inquietantes, perguntam para além da imagem e do que se vê, já que a contemporaneidade é promovida excessivamente pela pluralidade de imaginários, um olhar pouco simples de se ler, pode se dizer – a partir psicanálise. Talvez um curto-circuito imagem/gozo tenha orientado nossa clínica conceitual; sobre a qual teremos que estudar, pesquisar e essencialmente praticar com muito cuidado, partindo do império das imagens e seus ultimíssimos efeitos por interpretar – seja pela sua queda e/ou firmeza. Um olhar que aponta, como o dedo de São João, o que Lacan pronunciou…
EDITORIAL FLASH 03
Luiz Fernando Carrijo da Cunha
Pareceu-nos interessante, no momento em que estamos da preparação do VII ENAPOL, destacar neste editorial uma nuance que nos prendeu a atenção desde o momento do anúncio do tema: “O Império das Imagens” – sucedeu-nos interrogar as similitudes e diferenças entre o que estaria no centro desse debate e daquele que foi tema do Encontro Brasileiro em 1995 – ocasião da fundação da Escola Brasileira de Psicanálise – “A imagem rainha”. Ainda que agora falemos de “imagens” escrito no plural, isso em si mesmo não evidencia a diferença. Ora, “a imagem rainha” como sublinha J-A.Miller
TEXTOS
O império das imagens
Hector Gallo
A palavra império, tomada do latim imperium, denota ordem, mandamento, soberania. Também evoca poder, o fato de implantar, impor, condenar, proferir, impregnar, impugnar, imputar. Afirmar que assistimos no século vinte e um a um império das imagens, supõe considerar que estamos submetidos a tudo aquilo que se localiza do lado da representação, da aparência, da virtualidade, daquilo que se pode ver e do semblante. Então não partimos de uma hipótese…
TEXTOS
Algumas perguntas em torno do Império das Imagens
Maria Silvia G. F. Hanna
O título proposto para o próximo ENAPOL VII é uma oportunidade para atualizar o tema da imagem. Penso que é interessante tomar como ponto de partida o sintagma “O Império da Imagem”, mas em uma direção retroativa, permitindo visitar e examinar as elaborações freudianas, a releitura de J. Lacan, nos distintos momentos de sua obra e as últimas discussões colocadas em nosso campo de Orientação Lacaniana sobre o lugar da imagem.
TEXTOS
MONOMANIAS NO SÉCULO XXI: o gozo cleptomaníaco e o gozo do processo – Ernesto Sinatra
Gosto de recordar uma frase de minha infância: “tem de se comportar bem, pois Deus castiga sem pau e sem chicote”; frase caída em desuso, pois já não é o bom Deus que nos amedronta e vigia, Ele foi substituído pelos complexos sistemas ultratecnológicos que demonstram a estrutura ominivoyeur do mundo.
Vale mencionar, dentre tantas novidades que mostram o império das imagens na pós-modernidade, o debate atual sobre a privacidade em torno do Google streetview, aplicativo do Google que permite a qualquer um entrar na vida cotidiana de si mesmo e dos outros – na rua, no bairro e até na própria casa de cada um… Qual é a fronteira entre o privado e o público? O que atua como limite entre Um e Outro? No momento, a satisfação insaciável do olhar do mundo nos olha a uns e a outros, com os quase infinitos gadgets produzidos pelo mercado, colocando-se sempre na falha estrutural que marca a impossibilidade da relação sexual, a ausência nos humanos de um gozo complementar entre homens e mulheres.
EDITORIAL
O que se desvela e o que se vela a partir da expressão Império das Imagens? A inelutável modalidade do visível – expressão joyceana – ganha um novo porte no século das câmeras e telas de todos os tipos. Um império, a seguir a referência de nosso campo, é no mínimo uma expressão inédita já que a fragmentação simbólica exclui no mundo contemporâneo qualquer mestre que se preste a ser absoluto. Deve-se portanto levar a expressão Império a um segundo grau de leitura. As imagens imperam sem veicular sentidos, leis ou normas. Elas imperam porque nos escravizam, mas nada desejam. Elas imperam no vácuo da inexistência do Outro, como puro semblante do que se vela, ou seja, o próprio olhar.
BIBLIOGRAFIA
Apresento a vocês uma primeira lista de referências sobre o tema do nosso Encontro. A Comissão de Pesquisa Bibliográfica está trabalhando em subcomissões, cada qual tendo uma coordenação e uma maneira própria de pesquisar e apresentar seu produto. Isso fica evidente já nesta primeira lista de referências disponível para consulta.
A pesquisa nos textos de Freud foi feita orientada pela relação entre imagem e representação, a partir do texto O inconsciente, remetendo a outros. Um texto inicial explicita a importância dessa articulação
BOLETIM
Apresentamos FLASH, o Boletim do VII ENAPOL, que, a partir de outubro de 2014, deve vir a público uma vez por mês, nem sempre como um flash, às vezes um pouco mais robusto, para noticiar o que se discute no âmbito da AMP-América sobre o tema do retorno do Imaginário.
Começaremos com um flashback retomando os últimos títulos que orientaram o debate na América lacaniana: “Os usos da psicanálise”, em 2003; “Os resultados terapêuticos da psicanálise”, em 2005; “A variedade da prática – do tipo clínico ao caso único em psicanálise”, em 2007; …
TEXTOS
O tema do próximo ENAPOL — o sétimo da série — nos submerge em cheio no vasto oceano do registro imaginário. O poder de penetração das imagens mostra-se, hoje, crescente em uma realidade que admitimos cada vez mais como uma realidade virtual, separada do real impossível de ser representado. É uma realidade virtual promovida, sem dúvida, por antigas e novas mídias, da televisão à internet, por meio de uma fetichização da imagem exterior do corpo, a qual podemos bem dizer que se elevou como um novo objeto no zênite do universo social.